31 de dez. de 2007

Auto-mar

Que o frio não passa
Barco algum atraca
Porto algum, tamanha solidão.

Chore não,
Nada mais é pra já.

No relento, a alma,
As horas sem perdão
Riem-se largas, leste a oeste.

Impenetráveis, insensíveis
Crueza, cada vez mais, só
Só o que salva é mesmo afundar.

Desespere não,
Há também luz no fundo;
Basta saber enxergar.

.[Cla Cavalin].

Acredito que, muitas vezes, ninguém é mais responsável do que nós mesmos no processo de criar "traumas" ou certos "contextos" que nos agridam; como quando, por exemplo, fazemos uma auto-critica negativista demais, alimentamos "sonhos" improváveis, impossíveis, especialmente se relacionado a algum senso-comum...
Esse poema, nessa mesma linha de raciocinio, o escrevi num dia triste, de solidão, e o terminei, do mesmo modo, bem pessimista.
No entanto, hoje resolvi mudar isso simplesmente porque sinto essa energia do novo ano me dizendo que ainda há como consertar certas coisas na vida, conquanto haja vida..
brindo a um novo ano.
d-.-b Doors, Blues Magoos, Cream d-.-b

29 de dez. de 2007

Brilho eterno de uma mente sem (muitas) lembranças


Tenho alma boêmia, não nego. Se saio só, tenho a Lua a olhar por mim; eu a contemplá-la, ela a flutuar somente. Hoje está tão melancólica, minguante, envergonhada. Velha companheira, tão bela que é doce e triste. Queria também poder ser assim: 7 dias plena, 14 sorridente, outros 7 despercebida. Sinto que sou 28 dias em 24 horas...

Outra noite sem rumo.
Esqueci os remédios. Não que fizessem muito efeito após quantas-tantas doses.
Esqueci as chaves. Boa hora para ter um caderno na fina luz do corredor. Na verdade, não preciso de muito mais que isso (pelo menos por enquanto).
Desculpe, querido, não lembro nem teu nome, nem qualquer telefone. De que importa? Não há ninguém em casa. Há casa?
Choro de criança no vizinho da frente.
Não lembro muito dos tempos de criança, tenho vaga lembrança da chuva no quintal, no entanto.
Não era um dia de chuva quando nos conhecemos? O que foi mesmo que tu me disseste naquela noite? Qual a data perdida daquele encontro?
Escuto passos no andar de cima.
Por certo não serão os teus...teus passos trilharam caminho para muito longe daqui...
Silêncio. Sozinha. Sóbria, silenciada. Sempre..
Não há loucura, há algo mais perdido aqui...
Aquele sorriso, a voz doce..chama-me de novo, por favor - para que te lembres de mim (só mais essa vez...).
Aquele abraço, o mesmo colo quente...
Me lembro de ti...
Loucura! Como houvera de não lembrar, se tu és mais que inesquecível?
Tu és aquilo que acontece numa vida, num segundo, numa permanência constante; aquilo que carrego estampado nos olhos, nos lábios, nos sonhos.
Tu és ainda mais que eu mesma; eu sou um pouco em ti.-E vice-versa(?)
Mas há essa distância..
Embora estejas longe, estás em mim.
Então eu me lembro... - de ti, de mim, de nós.

.[Cla Cavalin].

28 de dez. de 2007

Fim de Ano


Andei arrumando umas coisas aqui em casa, achei muitas caixinhas cheias de lembranças, lágrimas, suspiros; passados que, no fim, percebi não querer ter revirado.. assim como li certa vez em Bandeira, também tenho medo dessas cartas do passado, cheias de segredos que, de certo, não darão gosto ao emergir; já pertencem ao pó.
Enfim, num caderno desses, achei algumas considerações...

"Quero um dia de sol num copo d'água.. Quem foi que falou isso mesmo?
Não sei mais se o que penso é meu ou seu é dos outros... seríamos todos um só? Os seus, os meus e os nossos (Já ouvi isso em algum lugar...)
No começo, tudo é puro em si. Entretanto, mesmo que se deteriore com o tempo, valeria a pena viver só o começo? Valeria a pena viver só pelo começo?
Acreditar no pior somente quando o pior se apresentar."
.[Cla Cavalin].

Encontrei um dos primeiros poemas que fiz...

"Conhece-te a ti mesmo,
Resguarda0te para ti;
Mostrar-te-á quando convier.

Poderia parecer até redundante
caso a rima solucionasse
àquele que não me alcança."
.[Cla Cavalin].

E um texto que tentei, sem sucesso, retomar...

Conveniência

"Não me importa o quão interessado estejas neste assunto. Embora eu saiba que já não me queres mais ouvir, sabe (tu) fazê-lo, como tantas vezes, porque preciso falar-te.
Sim, eu sei, bem como tu, que não consigo desvencilhar-me da gramática e seus fatores proclíticos, prostrados, prolixos. Peço que não me julgues; afinal, todos temos telhado de vidro.

Para quê me enviaste maldito anel? Pareço-te piada? Está aqui, satisfeito? Célebre mas fúnebre, jaz naquele mesmo anelar a pedra é só e tão solitária. (texto inacabado, inexpressivo, infértil)."
.[Cla Cavalin].

É que às vezes o passado não quer ser (re)mexido, é algo sobre o qual não temos autoridade.
Que venha então o amanhã, para que o hoje seja fim, acabado e imutável; irremediável e irremovível, enfim.
.[Cla Cavalin].

>>> imagem do filme "Elvis Pelvis"... quem o assitiu, entenderá a relação do texto com o mesmo. Quem não assistiu, recomendo.. esse filme é sublime..

Provocação...


Diálogo de olhares

Dança, que te aprecio
Ri, que me delicio
Olha-me, que nos mata...

Ah, tu me provocas
E quão o sabes!

Faz-me prisioneiro
dessas pálpebras semi-abertas
desses lábios saudosos
desse doce odor, desse mal-humor...

.[Cla Cavalin].

*** Às vezes acho as reticências tão provocantes...

26 de dez. de 2007

Eterna-Mente

Eu sabia que tinha isso guardado em algum lugar que não somente na cabeça...minha caixa de poemas é uma das unicas que não temo abrir...
Especialmente hoje, lembrei-me deste:

Eterno

E como ficou chato ser moderno.
Agora serei eterno.
Eterno! Eterno!

O Padre Eterno,
a vida eterna,
o fogo eterno.

(Le silence éternel de ces espaces infinis m'effraie).
- O que é eterno, Yayá Lindinha?
- Ingrato! é o amor que te tenho.

Eternalidade eternite eternaltivamente
eternávamos
eternissíssimos

A cada instante se criam novas categorias de eterno
Eterna é a flor que se fana
Se soube florir
é o menino recém-nascido
antes que lhe dêem nome
e lhe comuniquem o sentmento do efêmero
É o gesto de enlaçar e beijar
na visita do amor às almas
eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo
mas com tamanha intensidade que se petrifica e [nenhuma força o resgata.

é minha mãe em mim que a estou pensando
de tanto que a perdi de não pensá-la
é o que se pensa em nós se estamos loucos
é tudo que passou, porque passou
é tudo que não passa, pois não houve
eternas as palavras, eternos os pensamentos; e [passageiras as obras.

Eterno, mas até quando? é esse marulho em nós de um [mar profundo.
Naufragamos sem praia; e na solidão dos botos afundamos.
É tentação e vertigem; e também pirueta dos ébrios.

Eternos! Eternos, miseravelmente.
O relógio no pulso é nosso confidente.

Mas eu não quero ser senão eterno.
Que os séculos apodreçam e não reste mais do que [uma essência.

ou nem isso.
E que desapareça mas fique esse chão varrido onde [passou uma sombra.

e que não fique o chão nem fique a sombra
mas que a precisão urgente de ser eterno bóie como uma [esponja no caos.

e entre oceanos de nada
gere um ritmo.

.[Ilmo. Sr. Carlos Drummond de Andrade].

24 de dez. de 2007

Natal, o tal, Não-tal

Floyd, Freud e o Natal
Natal na minha mãe é sempre tempo de confusão: sao 7 tios e suas respectivas 2 ou mais esposas, 16 sobrinhos, alguns agregados e apenas 3 quartos! O mais divertido é, com certeza, ficar vendo fotos e fitas jurássicas na tv do escritório, um monte de primo por cima do outro, bagunça, amigo oculto, musica, violao, bagunça,bagunça =D
O pior de tudo é minha mãe que não consegue ficar quieta, sempre cheia de coisa pra fazer (¬¬) deixa todo mundo louco...
A noite vai avançando, a casa cada vez mais apertada, mais louça, batucada, confusão...bebida, barracos históricos...
Mas não pára por aí...a manhã seguinte, a ressaca que se arrasta até o Ano Novo... Ainda assim, sorrisos, muitos sorrisos e abraços...
Dá saudade...
Natal no meu pai é estranho..todo mundo tá sempre tão cansado, ninguem fica pra conversar, a noite acaba rápido, Floyd me conforta o sono, o dia seguinte é a espera pra voltar pra casa.
Dá muita saudade do Natal na minha mãe.
Mesmo assim, as flores estão em cima da mesa. São flores de desculpa, flores de promessa de que um dia vai melhorar. São bonitas. Dão saudade...


.[Cla Cavalin].

1 de dez. de 2007

(DES)encontros

"Bem-me-quer, mal-me-quer...
Faz-me bem, faz-me mal querer-te assim...
Bem me queres, eu o sei;
talvez não exatamente como eu o quereria
(que tu me quiseres).
Confusa, o sou; o sei.
O seu, só seu; não é meu.

E o que há de se fazer?
Ele me quer para si;
Eu te quero bem;
Tu a queres há tanto;
Dela, nada posso concluir.

Se tu saires do país
e ela entrar para o convento,
Tomara Deus que ele não morra de desastre...
Não me quero casar com o tal J.Pinto Fernandes!"
[Cla Cavalin]

>>>O poema mantem intertextualidade com "Quadrilha", de Drummond. Para ouvir tal poema, na voz do proprio autor, clique aqui, http://memoriaviva.digi.com.br/audio/quadrilha.mp3 link direto do site do memoria viva digital.

>>>um trecho de Hilda Hist bem legal relacionado ao tema...
O Kramer apaixonou-se por uma corista que se chamava Olga. Por algum motivo nunca conseguiam encontrar-se. Ele gritava passando pela casa de Olga, manhãzinha (ela dormia): Olga, Olga, hoje estou de folga! Mas nunca se viam e penso que ele sabia que efetivamente se deitasse com ela o sonho terminaria. Sábio Kramer. Nunca mais o vi. Há sonhos que devem permanecer nas gavetas, nos cofres, trancados até o nosso fim. E por isso passíveis de serem sonhados a vida inteira.”

27 de nov. de 2007

16:23

"16:23

E,mais uma vez, o tempo voou.
Ainda mais quando me peguei pensando num grande amor...

Às vezes olho as fotos, as lembranças, os fantasmas na minha cabeça e penso que, se eu pudesse, faria tanta coisa difente...
Mas não posso.
E, mais uma vez, o presente voou e virou passado.

O que ele deve estar fazendo agora?
Às vezes queria ser uma mosquinha só para poder espiar...levar um carinho, um abraço ou simplesmente repousar sobre seu peito.

Às vezes, quando olho a vida hoje, queria ficar no passado.
Ah, eu queria tanta coisa...e já não posso mais querer.
Hoje, tenho motivos.

No restante das vezes, faço de tudo.
Nessas vezes, aceito que a dor seja também companheira.
É quando não sofro.
Não porque a dor se acabe; mas porque é acabada.
Afinal, hoje tenho motivos.

16:48"

[Cla Cavalin]

*** Post em referência ao novo vídeo ("Breathe").
***Não é um poema; mais uma vez, problemas com a paragrafação do blog.

20 de nov. de 2007

Lar sem Lar

"Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.
"
[Adélia Prado]
"Minha mãe, como quem sabe que vai
escrever um poema,
decidiu inspirada: chuchu novinho,
angu, molho de ovos.
Fui buscar os chuchus e estou
voltando agora,
trinta anos depois.
Não encontrei minha mãe. "
[Adélia Prado]

17 de nov. de 2007

Íntimo


"Minha mãe cozinhava exatamente:
arroz, feijão-roxinho, molho de batatinhas.
Mas cantava.
"
[Adélia Prado]

Quando eu era pequena, minha mãe não cozinhava feijão roxinho e batatinhas. Minha mãe só cozinhava para os outros. Os outros entravam em casa e eu saía pela porta dos fundos. Minha mãe, só a via à noite dois olhos brancos brancos no escuro e o colo quente. Minha mãe não cozinhava feijão roxinho e batatinhas, mas me abraçacava à noite e cantava assim...

Tenho quinze anos e vivo sozinha
nessa torre a cantar

Tenho trinta anos e vivo sozinha
com meu pranto, a rezar

Tenho cinqüenta anos e vivo sozinha
com minhas mágoas a calar

Tenho sessenta anos e vivo sozinha
nesse canto, e já não posso mais cantar

Tenho setenta anos e morro sozinha
acho até que está de bom tamanho
para quem viveu assim tão sozinha,
faz até graça saber rimar.

[Cla Cavalin]

9 de nov. de 2007

Conversa de Um

Conversa a Um
Ó Amar, verbo intransitivo. Você nunca parou para pensar nisso(?)(!) E você já(?)(!)(!)
Janela do msn aberta Esposito->-Conversa ... vácuo.
Uma janela em branco, uma conversa em branco.. mas quais palavras caberiam nesse momento?
Em tese, não há nada a fazer..o dia já acabou, a porta já se fechou, um novo dia começa domingo(já?).Queria ter aproveitado mais, vivido até a última gota.
No entanto, muitas vezes a própria fonte não oferece tais oportunidades. É nesse ponto em que me encontro.
Pronto, está feito. Está falado; não se pode voltar atrás. (Não?) Mesmo que pudesse,seria ainda outra frustração: tantas coisas a dizer, poucos a realmente ouvi-las, falta de tato ao dize-las e ao ouvi-las.
Desculpe, eu não sei viver sem amar, assim intransitivamente; porque, acima de tudo, amo a vida e o amor.
(Cla Cavalin)

30 de set. de 2007

E/&/e

Eternidade e Efemeridade
...
(Cla Cavalin)

Eterno e terno

Sua pele texturizada
De sonho
que te vive
e torna plena
linda pessoalidade

que flutua
e me viciam
de fluidez
dois olhos grandes
em esmeralda

qual possuis
quão possuo
que assim seja.


[Cla Cavalin]

Queria poder escrever um pouco mais hoje. Infelizmente, estou cansada demais para lidar com as palavras mesquinhas e exatas... sem a força do instante, duvido que retorne ao assunto; o que é pena. Espero ao menos que consiga transpor essa efemeridade. Talvez um sonho...

16 de set. de 2007

A História de Lilly Brown II



=À sala de estar=
Quero escrever um livro... um romance, isso! Com muitas fadas, criaturas mágicas, cristais de Lua cheia..a outra face da Lua... a outra face da Terra, a outra face do Homem!
Não acha um tanto quanto pretensioso de sua parte? (passe-me a champagne por favor..)
Por que da champagne? O que há de se comemorar hoje?
Sua liberdade, e a busca de sua paz, meu bem. (Duas taças de cristal à mão)
Liberdade? E quem ousa falar em liberdade?
Pois não pensa em escrever um livro? A arte do ofício é libertar-se desse chão, viajar em palavras e cada vez mais precisar das mesmas.
Claro, a comunicação é indispensavel, o homem é um ser social! (Ela era infalível com suas frases feitas, compradas em revistas de salão-de-beleza.)
Usar palavras para comunicar-se consigo, dissecar os morfemas psicossomáticos de si; Escrever é tecer pensamentos, relações com as quais muitas vezes nem o próprio texto está de acordo. É tornar físico, legível aquilo que se tem escuro e escuso na mente. E cada vez mais viciar-se no processo. É uma droga que liberta e aprisiona e salva. É o que você quer?
(Bebe um gole seco.)
Como você é enigmático, suas palavras são algo que nunca legível, seu texto não está de acordo com sua mente psicossomática e psicopata; você é um psicopata dos sentimentos alheios!
(Bebe um gole amargo.)
Eu só quero escrever um livro, livrinho, livreco que seja. Por mais que queira defini-lo ou minimizar-me, das minhas palavras tenho domínio e uso. Não é preciso ter, na sala de estar, uma biblioteca como o Real Gabinete de Literatura para saber organizar uma frase. E meus pensamentos estão agora bem de acordo comigo, com a NBG e com os gramaticos mais categóricos que não sabem agir em imperativo categórico. (Infalível como sempre!)
Não me venha com imperativo categórico! Você não sabe nada de imperativo categórico! Você é mais uma vida perdida desses palcos da Lapa que eu fiz o favor de acolher!
(Bebe o chão uma das taças em cacos.)
E quem poderia explicar aquele olhar de Lilly? Fera ferida, fêmea encurralada que crescia vermelha naquela biblioteca a girar de ira! Jurou nunca mais pisar naquele chão, pisou-lhe a rosa, cuspiu-lhe a boca, desceu a escadaria de mármore. Jurou não olhar para trás. Não resistiu. Ao alto, ele a olhava perplexo, talvez admirado, talvez a amasse mais naquele instante. Mas ela cerrou a porta, jurou cerrar os olhos, os olhos de ira...

[Cla Cavalin]

9 de set. de 2007

A História de Lilly Brown


Domingo de sol lindo maravilhoso, fomos dar um pulinho ali em niquite...companhia agradabilíssima, simpatia pura, diversão garantida..tocamos violão, fizemos churrasco, cantamos, sambamos.. uma paz, uma paz tão grande, taõ forte, tão dominadora;tão confortável em estar ali toda vestida em algodão, tão deliciosamente vivendo em alegria. Aquele sentimento preencheu durante toda a semana, gracioso.
Quem dera fosse pra sempre..mas a felicidade nunca é pra sempre.
talvez seja pra sempre...mas sempre não é todo dia.
A semana voa, voa, voa, mas não é pássaro, ela nos mantêm tão presos, presos, presos ao chão. Chão que alimenta a angústia humana. Chão que nos sustenta as esperanças. Chão que recebe as lágrimas e as dores do fracasso.
Fracasso?
Sim meu bem, e é melhor que seja assim...
Do contrário, teríamos no céu o(.) diabo(.) e na cova, o(s) deus(es). Para onde mirar? Traçar a curva no horizonte não é tarefa fácil sem se conhecer o norte.
Oh, por favor, já estou com dores de cabeça..
Perdão, querida, deixe tudo isso pra trás. Venha, eu lhe acompanho à sala de estar.

[Cla Cavalin]
imagem >> Frida Khalo

27 de ago. de 2007

Diálogo é tudooo!

respondendo a um questionario socio-economico... voce ja sofreu alguma forma de preconceito? nao diga! quer dizer entao que nao vivemos no mundinho de nossos condominios fechados?
"Mamae se cansou de mandar o motorista me levar para o colegio, praia, aula de ingles e agora vai me dar um citroen ZWRRR@#%$¨&* pra eu ir pra facul..pq agora eu sou independente! vou comecar surf na estacio, presidencia na unig! aonde fica belford roxo, depois do arco-iris? vou ver duendes e encontrar um pote de ouro! agora eu sou independete! ideologia, eu quero uma nova pra viver, porque quem vive de passado é museu e minha mae. vai desgracada, mete seu carrasso num poste, engole esse tailleur de oncinha que faz conjunto com o scarpin da dior...mamae pagou o hospital, a plastica e me deu uma bolsa da prada pra compensar. Aff, pelo menos isso ne minha filha...era o minimo que ela podia fazer! Ah, governanta, to taaaaao cansada..hoje fiquei o dia inteiro de pijama no computador, que vida! preciso de um banho revitalizador de energias. (tempos e muitos litros d'agua depois, volta ao msn) ai amigaaaaa, tava pensando que coisa triste a guerra do iraque nao eh...sei la ne tanta gente morrendo, tanta familia se separando, quando sera que isso acaba hem? e ai falo com ele, vai rolaaaa ne naaaao huahauahuahuahua te amoooooooooo minha piranhuda preferidaaaaaaa!!!! ta sabendo que agora eu sou uma mulher independente ne minha nega?!?!?! tenho meu blog, sou dona das palavras que saem da minha propria boca siliconada!"
"vai implodir esse peitao turbinado minha filha! ah eh...vc tem cartao de credito, corpinho esculpido, cabelinho encerado? desculpa, meu bem, eu tenho cerebro e sou de verdade, vc a gente acha em qualquer vitrine, que com a boca fechada é muito melhor."
"grossa."
"pior, realista."

19 de ago. de 2007

10 +




Hoje nao tenho vontade de ler, nao tenho vontade de levantar da poltrona do computador, nao tenho vontade de espiar o sol timido pela janela. Tampouco vontade de ir ate o quarto pegar um remedio para dor de cabeça. Sinto que esta faltando alguma coisa aqui...Acordei hoje sozinha, só eu e meus livros, ninguem para contar sobre as aventuras de ontem.
Que peito vazio...
Quero gritar! Essas palavras vao entrar no coracao, eu vou sofrer as consequencias como um cão:










Pronto... Epifania.

15 de ago. de 2007

Ah.. Como era bom!


Até perdi o sono na aula de matemática quando li esse brilhante artigo de Roberto da Matta. Interessante o modo como ele relaciona a ideologia de grandes cineastas que morreram agora há pouco – Ingmar Bergman, Antonioni, Buñuel e Jean-Claude Carrière – ao esvaziamento de valores “de antigamente” que resistem a duras penas hoje em dia; como se os mesmos ainda representassem tal contestação. Está cada vez mais clara a distinção entre as gerações de 60/70 e as de 80/90. Tudo o que temos nesse mundo é a nostalgia, uma necessidade de preencher o peito com alguma substância que não pertença a esse mundo de vidro . Aqui está um trecho do artigo, adaptado:

(...) É o mal de um mundo fundado no desperdício.
Um mundo com muita informação e pouca sabedoria;
Muita moda e pouca elegância;
Muito sexo e pouca sensualidade;
Muito terminal e pouca pista;
Muita exibição e pouco espetáculo;
Muito corpo e pouca alma;
Muita bebida e pouco espírito;
Muitos casórios e poucos casamentos;
Muitas escolas e pouco ensino;
Muita ideologia e pouca revolução;
Muito charme e pouca graça;
Muita politicagem e pouca política;
Muito cacique e pouco índio;
Muito livro e pouca literatura;
Muita teoria e pouco entendimento;
Muita sujeira e pouco sabão;
Muito populismo e pouco povo;
Muita palavra e pouco sentido;
Muito ver e pouco enxergar;
Muita música e pouca melodia;
Muito brilho e pouca inteligência;
Muito falar e pouco fazer;
Muito ouvir e pouco escutar;
Muito intelectual e pouco intelecto;
E, como dizia Luis Buñuel: muita realidade e pouca
imaginação...


[Roberto daMatta]

14 de ago. de 2007

Girassol




Um peixe chamado Julia
que rabo não tinha não
Um quarto cheio de bonecas
Pros olhos mais de um milhão

Lembravam a fantasia
dos dias de terra e sal
Quem sabe tanta alegria
Seus olhos de girassol

Na escola, era Clarissa
Em casa, a tiriri
De noite uma odalisca
dançava pra ela dormir

Mamãe vai contar histórias
de fadas e de sacis
Enquanto o marido dela
tocava pra distrair

Um peixe chamado Julia
Que rabo não tinha não
De dia era Clarissa
de noite, sonho e paixão.

>> Essa música foi composta para mim pelo meu padrasto, que acreditem ou não ( e acreditem, já houve quem não acreditasse), também se chama Elson Liper. Já ouviu esse nome em algum lugar tipo cbn rio ou brasilia? Argumento de autoridade, não? hahahaha damos várias risadas com isso na rua, muitos acreditam que ele não é uma pessoa assim tão simples, que é um cara todo engravatado... enfim, qualquer dia eu conto uma história dessa família louca que é a Cavalin. =)

13 de ago. de 2007

O Mais Feliz


- O senhor tem plena certeza do que acaba de me falar?
- Dona Cristal saiu foi é bem cedo pro casório, lá em riba da Glória! O sinhô é padrinho? Ei, ô seu moço, pra que a pressa? Virge Maria, o homi esqueceu até o chapéu...
Ariosvaldo não podia acreditar naquela notícia. Não, todas menos Cristal! Logo aquela que tanto amei, com quem planejava filhos, netos e uma casa no campo! Era mentira! O porteiro tinha que estar enganado! Tolo. Pensava em agonia enquanto corria pelas Laranjeiras. Como pude deixar o amor de minha vida escapar assim frágil aos braços de um outro qualquer? Estúpido.
-Para o Outeiro da Glória, o mais rápido possível! - ordenou, ofegante, ao taxista.
Pela janela do carro, a enseada. Pelas memórias de Ariosvaldo, seus passeios de bondinho, os almoços no Amarelinho, as bicicletas-a-dois no Aterro. Como ela doía-lhe em tais lembranças... Ah! A igreja! Cheguei enfim!
- Moço, o senhor esqueceu o troco! Mas que pressa!
Cristal eu te amo, te quero, volte para mim! Escadas, escadas, escadas. Que escadaria mais sem fim! Rompeu a porta a tempo de escutar uma voz ao fundo:
- E agora, eu os declaro marido e...
- Mulher! Quer dizer.. não! Nada disso! Quem deveria estar nesse altar sou eu! Não era bem isso que eu ia dizer... - Ariosvaldo deu-se por conta dos convidados que, estupefados, levantavam-se. Enrubresceu.
- Ariosvaldo, pelo amor de Deus, o que é que está fazendo aqui?
- Celinha? Quer dizer que.. ora vejam só! Onde está sua irmã?
- Celinha, você conhece esse homem? - pergunta seu recém-marido, catatônico.
Desce então, toda em pérola e jasmins, Cristal vem ao seu encontro.
- Meu amor minha deusa minha vida me desculpe eu te amo mais que tudo eu te amo mais que a mim eu te amo volte para mim nao consigo viver sem voce e é impossí...
- Levante-se, Ari. Pode poupar o fôlego - olhava-o como uma criança que esperava para comer o último brigadeiro. E, dirigindo-lhe seu olhar mais doce todo em perdão e confeitado de amor e lágrimas, delicadamente lhe sussurrou: - Vamos para casa, meu bem.


[Cla Cavalin]

(Narrativas de colégio em meras 30 linhas são difíceis pelo pequeno espaço que podemos usar. Nesse tipo de texto, devemos economizar o máximo de linhas possível; deixando muitas características hermeticamente embutidas. Isso se mostra, por exemplo, na escolhas dos nomes das personagens. Ariosvaldo, um homem patriarcal, que tem gosto pelo clássico, pela tradição. Cristal, simbolicamente engloba a pureza, o amor translúcido e fiel. Gosto muito, em tais casos, de usar marcadores de dinamicidade ao texto, como falas diretas, discurso indireto livre, verbos de ação e marcadores de pressuposição. Prezo muito pelas narrativas psicologizantes, considero-as a melhor forma de explorar uma personagem que deseje sair do papel ao imaginário do leitor.)

Globo-baliza

Essa foi uma das dissertações que mais gostei. Admito que sendo a concorrência baixa, a seleção não é muito difícil...desculpem pela falta de paragrafação, o blog infelizmente não me dá essa opção...sei que desse jeito fica um pouco confuso, portanto preferi dar um espaco entre um parágrafo e outro.
Globo-baliza

O homem, por sua essência, procura buscar afinidades em comum para viver em sociedade. Formam-se, assim, grupos que compartilham, ao mesmo tempo, de uma homogeneidade externa aparente e da individualidade heterogênea de cada um de seus integrantes. Como em um hipocampo das tendências mundiais, o homem, bem como os países, busca o intercâmbio cultural e, por conseqüência, acaba deparando-se com a globalização. Positiva? Prejudicial? É possível o equilíbrio entre o globalizar e o preservar.

Antropofagia. Ainda que, hoje, no processo de globalização, o princípio primordial dessa tenha sido desviado por mecanismos de supremacia econômica, a aproximação entre os povos é necessária para que esses elaborem sua própria cultura. Enriquecidos por uma gama de elementos culturais diversos, pessoas, povos e países transitam entre valores de respeito mútuo e tolerância; o que pode vir a contribuir para a diminuição de conflitos e de políticas unilateralistas.

Submissão. Ao logo dos séculos, observa-se que as potências hegemônicas mundiais utilizam-se da dominação econômica aos demais países para impor-lhes também sua cultura. Relações desiguais que visam o benefício de organismos superiores em detrimento do de emergentes ferem ao princípio igualitário que torna a globalização uma benesse. Tal unilateralismo controverte o sistema, que torna-se seu próprio mal, num processo auto-destrutivo.

Paradoxo. Devido a posicionamentos radicais de política externa, corrompeu-se a base igualitária que asseguraria a aproximação entre os povos. Na prática, para crescermos economicamente, submetemo-nos a exigências externas que tendem a promover a aculturação, a uniformização das nações, afastando-as assim. À luz da Guerra do Iraque, percebe-se inclusive a tendência atual de uma dominação que ultrapassa os âmbitos cultural e mercantil, tangenciando até o militar e o político.

Síndrome da imunodeficiência adquirida pelo capitalismo, a globalização, em prática, desenvolve-se destruindo valores universais, comprometendo a diversidade das nações e desse modo, boicotando a si, diretamente em ataque a seus preceitos básicos. Como num jogo de balizas, o equilíbrio entre esses limites tornou-se, hoje, inconcebível.
[Cla Cavalin]

12 de ago. de 2007

Sketches



"Let's go to the park, I wanna kiss you underneath the stars! Maybe we'll go too far, we just don't care! Let's make love, let's get lost in lies, we just don't care, we just don't care!" [John Legend]

E por que não viver a vida intensamente? O amor, a dor, o ódio, a compaixão, o arrependimento, a impotência, o horror, a morte, o medo de vivê-los. Porquê? Que um dia eu morrerei, a sorrir e a chorar, lembrando desta carne que me carrega, e me transporta e me vive e me sente, por hora.Tenho medo (claro!); mas acima de tudo, tenho uma vontade imensa que sobe ao peito, uma vontade de gritar a vida a plenos coracão e pulmões! [Cla Cavalin]

"As pessoas morrem para comprovar que viveram" [ mestre Guimarães Rosa]

11 de ago. de 2007

Abaixo o amor


.:Hipocentro:.


Atrelada ao epicentro,

levo um fragmento em cheio

cravado ao peito.


Nenhuma rima capaz de explicar

a circunstância em que me coloquei,

em pé do precipício,-----------em que pé se equilibrar?
Abaixo, o fim.Acima,----------o afinal.

o verso que, num------ vão----do pensamento, pronunciei
por hora, é--------vão--e--dói.



[Cla Cavalin]

Sobre Prosas e Poesias

"Sobre as cabeças de Copacabana, o tempo a correr em brancos e prateados fios finíssimos de seda. Alvejo-os, invejo-os." [Cla Cavalin]

Achando essa pequena confissão em um caderno, ponderei a respeito da falsa esperança que nós jovens fazemos do tempo, das nossas certezas incertas, das mudanças que nos acometem invariavelmente e que, por vezes, nem nos damos conta.
Em prosa e poesia, a prosopoética ou o poetoprosaico característicos dos Modernistas de 2ªgeração, apresento minha visão do que é essa mudança a partir da convivência entre as pessoas.

PROSAICO-RRELAÇÃO

Devagar, de mansinho,
Fez-me despertar,
Pequeno menino em crescente

Moça-mulher, meio menina
e meio você.
Assim, do teu poetoprosaico,
Feliz em ser fluido mosaico.

Quem diria de minha prosopoesia
como nosso dia-a-dia...
Para sempre em minha mente,
e quanto à sua, já não sei.

[Cla Cavalin]

Primeiro Canto Primaveril


Oh! Pudera encontrá-la!

Vãos pensamentos

em miséria e doçura...


Será que sente

e arde e sua e urra

Aquela presença que se alveja e enegrece?


Provoca-me em agonia

Tal qual a folha em branco

do mesmo modo como ambas

calam-me assim em silêncios.


Quê pode ser tão belo quanto o encontro-primeiro

entre a vida-em-branco e um borrão?


[Cla Cavalin]
imagem do HQ "V for Vendetta", de Allan Moore

Eloqüência Adolescente


Gauche?

Alien?

Idiota?

Anormal?

Não! Não! Não!

Nada disso me expressa!

Nada disso me completa!!

Nada disso me resulta!!!

Tudo isso só traz a repulsa!!! !

De minha imagem em frangalhos!!! !!

Caleidoscópio dos diabos!!! !!!

Qual não ouso suportar!!! !!! !


quando alguem pergunta ela responde sem forças de explicar outra vez ainda que é apenas mais uma adolescente tentando recuperar o fôlego do futuro que ainda está por vir.


[Cla Cavalin]

Keep walking, johnny walker be good tonight!

AA - Anáforas Anônimas

Talvez devesse trocar o entorpecente
Talvez os vícios já não me sejam virtudes.
Que hoje não mais bastam
Álcool
Glicose
Cafeína
e também endorfina.

Fazer da caneta e papel a mais poderosa anfetamina.

[Cla Cavalin]

Fala Ciça !


Retrato


Eu não tinha esse rosto de hoje,

assim calmo,

assim triste,

assim magro.

Nem estes olhos tão vazios,

Nem o lábio amargo.


Eu não tinha essas mãos sem força,

tão paradas e frias e mortas,

eu não tinha esse coração

que nem se mostra.


Eu não dei por essa mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil.


- Em que espelho ficou perdida a minha face?


[Cecília Meireles]

YES! Nós temos bananas!

Banana pra dar e vender.
Pequeno prefácio entre parênteses, porque afinal de contas, tudo depende do contexto: (Todas essas aulas elucidativas e filosóficas têm me estimulado a capacidade crítica de forma que começo a sentir-me chata, assim categórica, embora politicamente incorreta como sempre. Mesmo com esse ar pedante, nao vou pedir desculpas pela simples razão de que só eu leio esta merda).
De volta as bananas, um assunto mais agradável, porque afinal de contas, a perversão é uma distorção; mas a ambigüidade, essa sim é uma dádiva.(Sem parênteses dessa vez).
Ultimamente temos discutido muito a questão da brasilidade, por cujas sociologia e sociopatia nutro algo como o fascínio. Como de costume em meio a meus afazeres matinais, comecei a discutir com o espelho o estereótipo da "criatividade" brasileira, o internacionalmente conhecido "a gente dá um jeitinho".
Negras que cuidavam do melaço e dos caprichos de sinhar com um negrinho agarrado à barra das saias; cortesãos que amavam como quem bate ponto na repartição para não desconfiar a suas senhoras; Rômanticos, Parnasianos e Pré-Modernistas, nossos pseudo-pré-socráticos, eram filósofos, congressistas, combativos, jornalistas, intelectuais e homens-comuns para além do bem e do mal.
Diferentemente do ocorrido no primeiro mundo, não foram as modernidades dos séculos XX/XXI que trouxeram o corre-corre, esta necessidade de medirmos o quão racionalizada será uma ação para que consigamos realizar as demais tarefas da agenda. Pelo contrário, brasileiros vêm, há muito, testando seus limites quanto à versatilidade, à capacidade de adaptar-se a um volume maior de afazeres. Não por coincidência, somos o único povo que consagra tal poder adaptativo carregando ainda um sorriso estampado ao rosto.
Estereótipos são, em sua maioria, quase caricaturais. No entanto, provocam o inconsciente coletivo e por isso, são manipuláveis e perigosos. Quem nunca sentiu nenhum fervilhar ao ler "O melhor do Brasil é o brasileiro", nunca teve as pupilas dilatadas ao ver imagens da Sapucaí ou de um jogo de capoeira, que atire então a última pedra. Ame-o ou deixe-o, assim do jeito que ele é.

[Cla Cavalin]

27 de jul. de 2007

Encruzilhada-acaso


ENCRUZILHADA-ACASO
Enquanto isso as vidas correm paralelas

incessantes, incansaveis

ao infinito sem pensar na morte

iminente, eminente

Todo o dia

Dia a dia

As vidas correm paralelas



todo dia é dia

toda hora é hora



Até que:



[Cla Cavalin]
Grande mestre Vinicius já dizia: "A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na vida"

link da imagem http://www.malvadas.com/

26 de jul. de 2007

Termos de Uso


12m² de ideias em 800 x 600 pixels

so nao vale xingar pai e mae.

alteracoes de humor a parte, acho que foi bem divertido, diversificado; e com o tempo, entediante e repetitivo... nao me importa muito, vale a pena a euforia do começo, mesmo que seja assim de tras pra frente.

aproveitem e tentem não entender. =)