27 de ago. de 2007

Diálogo é tudooo!

respondendo a um questionario socio-economico... voce ja sofreu alguma forma de preconceito? nao diga! quer dizer entao que nao vivemos no mundinho de nossos condominios fechados?
"Mamae se cansou de mandar o motorista me levar para o colegio, praia, aula de ingles e agora vai me dar um citroen ZWRRR@#%$¨&* pra eu ir pra facul..pq agora eu sou independente! vou comecar surf na estacio, presidencia na unig! aonde fica belford roxo, depois do arco-iris? vou ver duendes e encontrar um pote de ouro! agora eu sou independete! ideologia, eu quero uma nova pra viver, porque quem vive de passado é museu e minha mae. vai desgracada, mete seu carrasso num poste, engole esse tailleur de oncinha que faz conjunto com o scarpin da dior...mamae pagou o hospital, a plastica e me deu uma bolsa da prada pra compensar. Aff, pelo menos isso ne minha filha...era o minimo que ela podia fazer! Ah, governanta, to taaaaao cansada..hoje fiquei o dia inteiro de pijama no computador, que vida! preciso de um banho revitalizador de energias. (tempos e muitos litros d'agua depois, volta ao msn) ai amigaaaaa, tava pensando que coisa triste a guerra do iraque nao eh...sei la ne tanta gente morrendo, tanta familia se separando, quando sera que isso acaba hem? e ai falo com ele, vai rolaaaa ne naaaao huahauahuahuahua te amoooooooooo minha piranhuda preferidaaaaaaa!!!! ta sabendo que agora eu sou uma mulher independente ne minha nega?!?!?! tenho meu blog, sou dona das palavras que saem da minha propria boca siliconada!"
"vai implodir esse peitao turbinado minha filha! ah eh...vc tem cartao de credito, corpinho esculpido, cabelinho encerado? desculpa, meu bem, eu tenho cerebro e sou de verdade, vc a gente acha em qualquer vitrine, que com a boca fechada é muito melhor."
"grossa."
"pior, realista."

19 de ago. de 2007

10 +




Hoje nao tenho vontade de ler, nao tenho vontade de levantar da poltrona do computador, nao tenho vontade de espiar o sol timido pela janela. Tampouco vontade de ir ate o quarto pegar um remedio para dor de cabeça. Sinto que esta faltando alguma coisa aqui...Acordei hoje sozinha, só eu e meus livros, ninguem para contar sobre as aventuras de ontem.
Que peito vazio...
Quero gritar! Essas palavras vao entrar no coracao, eu vou sofrer as consequencias como um cão:










Pronto... Epifania.

15 de ago. de 2007

Ah.. Como era bom!


Até perdi o sono na aula de matemática quando li esse brilhante artigo de Roberto da Matta. Interessante o modo como ele relaciona a ideologia de grandes cineastas que morreram agora há pouco – Ingmar Bergman, Antonioni, Buñuel e Jean-Claude Carrière – ao esvaziamento de valores “de antigamente” que resistem a duras penas hoje em dia; como se os mesmos ainda representassem tal contestação. Está cada vez mais clara a distinção entre as gerações de 60/70 e as de 80/90. Tudo o que temos nesse mundo é a nostalgia, uma necessidade de preencher o peito com alguma substância que não pertença a esse mundo de vidro . Aqui está um trecho do artigo, adaptado:

(...) É o mal de um mundo fundado no desperdício.
Um mundo com muita informação e pouca sabedoria;
Muita moda e pouca elegância;
Muito sexo e pouca sensualidade;
Muito terminal e pouca pista;
Muita exibição e pouco espetáculo;
Muito corpo e pouca alma;
Muita bebida e pouco espírito;
Muitos casórios e poucos casamentos;
Muitas escolas e pouco ensino;
Muita ideologia e pouca revolução;
Muito charme e pouca graça;
Muita politicagem e pouca política;
Muito cacique e pouco índio;
Muito livro e pouca literatura;
Muita teoria e pouco entendimento;
Muita sujeira e pouco sabão;
Muito populismo e pouco povo;
Muita palavra e pouco sentido;
Muito ver e pouco enxergar;
Muita música e pouca melodia;
Muito brilho e pouca inteligência;
Muito falar e pouco fazer;
Muito ouvir e pouco escutar;
Muito intelectual e pouco intelecto;
E, como dizia Luis Buñuel: muita realidade e pouca
imaginação...


[Roberto daMatta]

14 de ago. de 2007

Girassol




Um peixe chamado Julia
que rabo não tinha não
Um quarto cheio de bonecas
Pros olhos mais de um milhão

Lembravam a fantasia
dos dias de terra e sal
Quem sabe tanta alegria
Seus olhos de girassol

Na escola, era Clarissa
Em casa, a tiriri
De noite uma odalisca
dançava pra ela dormir

Mamãe vai contar histórias
de fadas e de sacis
Enquanto o marido dela
tocava pra distrair

Um peixe chamado Julia
Que rabo não tinha não
De dia era Clarissa
de noite, sonho e paixão.

>> Essa música foi composta para mim pelo meu padrasto, que acreditem ou não ( e acreditem, já houve quem não acreditasse), também se chama Elson Liper. Já ouviu esse nome em algum lugar tipo cbn rio ou brasilia? Argumento de autoridade, não? hahahaha damos várias risadas com isso na rua, muitos acreditam que ele não é uma pessoa assim tão simples, que é um cara todo engravatado... enfim, qualquer dia eu conto uma história dessa família louca que é a Cavalin. =)

13 de ago. de 2007

O Mais Feliz


- O senhor tem plena certeza do que acaba de me falar?
- Dona Cristal saiu foi é bem cedo pro casório, lá em riba da Glória! O sinhô é padrinho? Ei, ô seu moço, pra que a pressa? Virge Maria, o homi esqueceu até o chapéu...
Ariosvaldo não podia acreditar naquela notícia. Não, todas menos Cristal! Logo aquela que tanto amei, com quem planejava filhos, netos e uma casa no campo! Era mentira! O porteiro tinha que estar enganado! Tolo. Pensava em agonia enquanto corria pelas Laranjeiras. Como pude deixar o amor de minha vida escapar assim frágil aos braços de um outro qualquer? Estúpido.
-Para o Outeiro da Glória, o mais rápido possível! - ordenou, ofegante, ao taxista.
Pela janela do carro, a enseada. Pelas memórias de Ariosvaldo, seus passeios de bondinho, os almoços no Amarelinho, as bicicletas-a-dois no Aterro. Como ela doía-lhe em tais lembranças... Ah! A igreja! Cheguei enfim!
- Moço, o senhor esqueceu o troco! Mas que pressa!
Cristal eu te amo, te quero, volte para mim! Escadas, escadas, escadas. Que escadaria mais sem fim! Rompeu a porta a tempo de escutar uma voz ao fundo:
- E agora, eu os declaro marido e...
- Mulher! Quer dizer.. não! Nada disso! Quem deveria estar nesse altar sou eu! Não era bem isso que eu ia dizer... - Ariosvaldo deu-se por conta dos convidados que, estupefados, levantavam-se. Enrubresceu.
- Ariosvaldo, pelo amor de Deus, o que é que está fazendo aqui?
- Celinha? Quer dizer que.. ora vejam só! Onde está sua irmã?
- Celinha, você conhece esse homem? - pergunta seu recém-marido, catatônico.
Desce então, toda em pérola e jasmins, Cristal vem ao seu encontro.
- Meu amor minha deusa minha vida me desculpe eu te amo mais que tudo eu te amo mais que a mim eu te amo volte para mim nao consigo viver sem voce e é impossí...
- Levante-se, Ari. Pode poupar o fôlego - olhava-o como uma criança que esperava para comer o último brigadeiro. E, dirigindo-lhe seu olhar mais doce todo em perdão e confeitado de amor e lágrimas, delicadamente lhe sussurrou: - Vamos para casa, meu bem.


[Cla Cavalin]

(Narrativas de colégio em meras 30 linhas são difíceis pelo pequeno espaço que podemos usar. Nesse tipo de texto, devemos economizar o máximo de linhas possível; deixando muitas características hermeticamente embutidas. Isso se mostra, por exemplo, na escolhas dos nomes das personagens. Ariosvaldo, um homem patriarcal, que tem gosto pelo clássico, pela tradição. Cristal, simbolicamente engloba a pureza, o amor translúcido e fiel. Gosto muito, em tais casos, de usar marcadores de dinamicidade ao texto, como falas diretas, discurso indireto livre, verbos de ação e marcadores de pressuposição. Prezo muito pelas narrativas psicologizantes, considero-as a melhor forma de explorar uma personagem que deseje sair do papel ao imaginário do leitor.)

Globo-baliza

Essa foi uma das dissertações que mais gostei. Admito que sendo a concorrência baixa, a seleção não é muito difícil...desculpem pela falta de paragrafação, o blog infelizmente não me dá essa opção...sei que desse jeito fica um pouco confuso, portanto preferi dar um espaco entre um parágrafo e outro.
Globo-baliza

O homem, por sua essência, procura buscar afinidades em comum para viver em sociedade. Formam-se, assim, grupos que compartilham, ao mesmo tempo, de uma homogeneidade externa aparente e da individualidade heterogênea de cada um de seus integrantes. Como em um hipocampo das tendências mundiais, o homem, bem como os países, busca o intercâmbio cultural e, por conseqüência, acaba deparando-se com a globalização. Positiva? Prejudicial? É possível o equilíbrio entre o globalizar e o preservar.

Antropofagia. Ainda que, hoje, no processo de globalização, o princípio primordial dessa tenha sido desviado por mecanismos de supremacia econômica, a aproximação entre os povos é necessária para que esses elaborem sua própria cultura. Enriquecidos por uma gama de elementos culturais diversos, pessoas, povos e países transitam entre valores de respeito mútuo e tolerância; o que pode vir a contribuir para a diminuição de conflitos e de políticas unilateralistas.

Submissão. Ao logo dos séculos, observa-se que as potências hegemônicas mundiais utilizam-se da dominação econômica aos demais países para impor-lhes também sua cultura. Relações desiguais que visam o benefício de organismos superiores em detrimento do de emergentes ferem ao princípio igualitário que torna a globalização uma benesse. Tal unilateralismo controverte o sistema, que torna-se seu próprio mal, num processo auto-destrutivo.

Paradoxo. Devido a posicionamentos radicais de política externa, corrompeu-se a base igualitária que asseguraria a aproximação entre os povos. Na prática, para crescermos economicamente, submetemo-nos a exigências externas que tendem a promover a aculturação, a uniformização das nações, afastando-as assim. À luz da Guerra do Iraque, percebe-se inclusive a tendência atual de uma dominação que ultrapassa os âmbitos cultural e mercantil, tangenciando até o militar e o político.

Síndrome da imunodeficiência adquirida pelo capitalismo, a globalização, em prática, desenvolve-se destruindo valores universais, comprometendo a diversidade das nações e desse modo, boicotando a si, diretamente em ataque a seus preceitos básicos. Como num jogo de balizas, o equilíbrio entre esses limites tornou-se, hoje, inconcebível.
[Cla Cavalin]

12 de ago. de 2007

Sketches



"Let's go to the park, I wanna kiss you underneath the stars! Maybe we'll go too far, we just don't care! Let's make love, let's get lost in lies, we just don't care, we just don't care!" [John Legend]

E por que não viver a vida intensamente? O amor, a dor, o ódio, a compaixão, o arrependimento, a impotência, o horror, a morte, o medo de vivê-los. Porquê? Que um dia eu morrerei, a sorrir e a chorar, lembrando desta carne que me carrega, e me transporta e me vive e me sente, por hora.Tenho medo (claro!); mas acima de tudo, tenho uma vontade imensa que sobe ao peito, uma vontade de gritar a vida a plenos coracão e pulmões! [Cla Cavalin]

"As pessoas morrem para comprovar que viveram" [ mestre Guimarães Rosa]

11 de ago. de 2007

Abaixo o amor


.:Hipocentro:.


Atrelada ao epicentro,

levo um fragmento em cheio

cravado ao peito.


Nenhuma rima capaz de explicar

a circunstância em que me coloquei,

em pé do precipício,-----------em que pé se equilibrar?
Abaixo, o fim.Acima,----------o afinal.

o verso que, num------ vão----do pensamento, pronunciei
por hora, é--------vão--e--dói.



[Cla Cavalin]

Sobre Prosas e Poesias

"Sobre as cabeças de Copacabana, o tempo a correr em brancos e prateados fios finíssimos de seda. Alvejo-os, invejo-os." [Cla Cavalin]

Achando essa pequena confissão em um caderno, ponderei a respeito da falsa esperança que nós jovens fazemos do tempo, das nossas certezas incertas, das mudanças que nos acometem invariavelmente e que, por vezes, nem nos damos conta.
Em prosa e poesia, a prosopoética ou o poetoprosaico característicos dos Modernistas de 2ªgeração, apresento minha visão do que é essa mudança a partir da convivência entre as pessoas.

PROSAICO-RRELAÇÃO

Devagar, de mansinho,
Fez-me despertar,
Pequeno menino em crescente

Moça-mulher, meio menina
e meio você.
Assim, do teu poetoprosaico,
Feliz em ser fluido mosaico.

Quem diria de minha prosopoesia
como nosso dia-a-dia...
Para sempre em minha mente,
e quanto à sua, já não sei.

[Cla Cavalin]

Primeiro Canto Primaveril


Oh! Pudera encontrá-la!

Vãos pensamentos

em miséria e doçura...


Será que sente

e arde e sua e urra

Aquela presença que se alveja e enegrece?


Provoca-me em agonia

Tal qual a folha em branco

do mesmo modo como ambas

calam-me assim em silêncios.


Quê pode ser tão belo quanto o encontro-primeiro

entre a vida-em-branco e um borrão?


[Cla Cavalin]
imagem do HQ "V for Vendetta", de Allan Moore

Eloqüência Adolescente


Gauche?

Alien?

Idiota?

Anormal?

Não! Não! Não!

Nada disso me expressa!

Nada disso me completa!!

Nada disso me resulta!!!

Tudo isso só traz a repulsa!!! !

De minha imagem em frangalhos!!! !!

Caleidoscópio dos diabos!!! !!!

Qual não ouso suportar!!! !!! !


quando alguem pergunta ela responde sem forças de explicar outra vez ainda que é apenas mais uma adolescente tentando recuperar o fôlego do futuro que ainda está por vir.


[Cla Cavalin]

Keep walking, johnny walker be good tonight!

AA - Anáforas Anônimas

Talvez devesse trocar o entorpecente
Talvez os vícios já não me sejam virtudes.
Que hoje não mais bastam
Álcool
Glicose
Cafeína
e também endorfina.

Fazer da caneta e papel a mais poderosa anfetamina.

[Cla Cavalin]

Fala Ciça !


Retrato


Eu não tinha esse rosto de hoje,

assim calmo,

assim triste,

assim magro.

Nem estes olhos tão vazios,

Nem o lábio amargo.


Eu não tinha essas mãos sem força,

tão paradas e frias e mortas,

eu não tinha esse coração

que nem se mostra.


Eu não dei por essa mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil.


- Em que espelho ficou perdida a minha face?


[Cecília Meireles]

YES! Nós temos bananas!

Banana pra dar e vender.
Pequeno prefácio entre parênteses, porque afinal de contas, tudo depende do contexto: (Todas essas aulas elucidativas e filosóficas têm me estimulado a capacidade crítica de forma que começo a sentir-me chata, assim categórica, embora politicamente incorreta como sempre. Mesmo com esse ar pedante, nao vou pedir desculpas pela simples razão de que só eu leio esta merda).
De volta as bananas, um assunto mais agradável, porque afinal de contas, a perversão é uma distorção; mas a ambigüidade, essa sim é uma dádiva.(Sem parênteses dessa vez).
Ultimamente temos discutido muito a questão da brasilidade, por cujas sociologia e sociopatia nutro algo como o fascínio. Como de costume em meio a meus afazeres matinais, comecei a discutir com o espelho o estereótipo da "criatividade" brasileira, o internacionalmente conhecido "a gente dá um jeitinho".
Negras que cuidavam do melaço e dos caprichos de sinhar com um negrinho agarrado à barra das saias; cortesãos que amavam como quem bate ponto na repartição para não desconfiar a suas senhoras; Rômanticos, Parnasianos e Pré-Modernistas, nossos pseudo-pré-socráticos, eram filósofos, congressistas, combativos, jornalistas, intelectuais e homens-comuns para além do bem e do mal.
Diferentemente do ocorrido no primeiro mundo, não foram as modernidades dos séculos XX/XXI que trouxeram o corre-corre, esta necessidade de medirmos o quão racionalizada será uma ação para que consigamos realizar as demais tarefas da agenda. Pelo contrário, brasileiros vêm, há muito, testando seus limites quanto à versatilidade, à capacidade de adaptar-se a um volume maior de afazeres. Não por coincidência, somos o único povo que consagra tal poder adaptativo carregando ainda um sorriso estampado ao rosto.
Estereótipos são, em sua maioria, quase caricaturais. No entanto, provocam o inconsciente coletivo e por isso, são manipuláveis e perigosos. Quem nunca sentiu nenhum fervilhar ao ler "O melhor do Brasil é o brasileiro", nunca teve as pupilas dilatadas ao ver imagens da Sapucaí ou de um jogo de capoeira, que atire então a última pedra. Ame-o ou deixe-o, assim do jeito que ele é.

[Cla Cavalin]