29 de mar. de 2010

mudança

ok, vamos la...
o 3x4 nasceu da literatura, e pretendo mante-lo nesta guia.
Hoje encontrei um caderno antigo com muitas poesias, rascunhos, etc. É difícil reler esses textos e não sentir vergonha (um pouquinhozinho que seja).
Explico: eu não sou nenhuma clarissa drummond de andrade, não tenho grandes obras, textos maravilhosos e também não cultivo a idéia de ser aclamada pela crítica - principalmente porque a maior crítica é sempre minha, e sei que nunca irei agradá-la completamente. Daqui se origina a vergonha.
Minha grande conquista imediata é viver o dia, chegar em casa e ver derrotado o leão daquele dia. os planos futuros, cultivo-os com muito carinho e sonho.
Me vejo grisalha na cadeira de balanço, vendo os netos brincarem, crianças sorrindo, casa cheia, almoço de domingo, a alegria dessas pessoas imaginárias me preenche, quase satisfaz, e sou também alegre então.
São pessoas imaginárias, de cores tão reais - posso sentir a seda dos cabelos, admirar o sol acalentando seus rostos, definidos e sorridentes. Todos os cantos da casa foram pensados para trazer conforto e bem-estar, tanto a eles quanto a mim, que observo, sempre.
Meu poder de observação é intenso e constante, mas não do tipo doentio; muito pelo contrário, cultivo o ato de observar como o descobrir de um acontecimento ilustre, admirando o que vejo, a cada nova revelação, conforme as circunstâncias vão se apresentando, e por vezes, conforme (tento) intervir neste observatóriopassadopresentefuturo.
O julgamento não é moral. (pior,) É literário. Tudo é literário.
Não faço literatura de protesto, com veia política. Não sou a voz de um grupo, de determinado segmento, ou de uma nação. Esta não é minha vocação, e há artistas que realmente se dedicam e são maravilhosos nisto que fazem.
Na verdade, não sei muito bem o que faço; só sei do que não faço e do que não gosto, e somente isto significa, para mim, que amadureci neste sentido. Diferentemente do caderno antigo que encontrei, hoje, 4 anos após a primeira pedra, a primeira poesia, chego à folha em branco com um direcionamento maior, traçando melhor o objetivo das minhas palavras ao serem lidas.
Isto me deixa extremamente contente e segura, na verdade. Por outro lado, um tanto saudosa; como se quisesse rabiscar desenhos com o traço de uma criança de 5 anos e, depois de tanta técnica, simplesmente não mais poder alcançar a pureza e a singeleza desta inocência ao se iniciar a obra.
Porque tudo é uma obra, e tenho uma gana inesgotável em traduzir tudo o que penso em arte, num sentido amplamente amplo, assim redundante, quando da mesma idéia surgem gestos, textos, desenhos, pinturas, esculturas, projetos, música, sorrisos.
Este é o meu processo criativo - observar, sentir intensamente, pensar intensamente, criar laços, fazer elos, interligar, conectar, maquinar as idéias, desconectar, subverter (não podemos esquecer que sou a burguesa reacionária também); e considero que o criativo é o que me compõe.
Como um elemento cognitivo que dê sentido ao ato de erguer-me sobre estas 2 pernas; sem o qual eu simplesmente estou erguida sobre estas 2 pernas. Mais do que isso até, é como erguer-me sobre estas 2 pernas sem pernas, e dar asas.

OK, um texto metalingüístico, extremamente emaranhado entre o que sou, o que me proponho e o que faço. Por hora, gostei das idéias e da técnica. Mas a crítica nunca pode ser vista como eterna (algo que tenho observado).... rsrsrsrs

.:[Cla Cavalin]:.
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AH...a grande mudança sobre a qual queria falar... a partir de agora, meus comentários particulares sobre os textos, situações e as músicas que ouço estarão na seção de comentários da postagem, só para organizar melhor. Assim, todo o texto da postagem será um único corpo, e o fim do mesmo é anunciado pela assinatura [Cla Cavalin]

2 de mar. de 2010

Vida n.1

Good times for a change
See the life i've had
Could make a good man turn bad

So please please please
let me let me let me
let me get what i want this time...

i haven't had a dream in a long time
So for once in my life,
let me get what i want
lord knows it would be the first time...

[The Smiths]

E o que eu quero?
..
quero você,
de qualquer jeito,
a toda hora,
com qualquer humor;

olhar teus olhos que riem,
sentir teu sorriso na minha pele,
calafrios, pelos e cabelos,
e o vento a me respirar,

então, por favor, por favor, por favor,
me deixa ter você,
só um pouquinho, só um carinho,
nem deus sabe o quão bom seria a primeira vez.

.:[Cla Cavalin]:.