29 de dez. de 2007

Brilho eterno de uma mente sem (muitas) lembranças


Tenho alma boêmia, não nego. Se saio só, tenho a Lua a olhar por mim; eu a contemplá-la, ela a flutuar somente. Hoje está tão melancólica, minguante, envergonhada. Velha companheira, tão bela que é doce e triste. Queria também poder ser assim: 7 dias plena, 14 sorridente, outros 7 despercebida. Sinto que sou 28 dias em 24 horas...

Outra noite sem rumo.
Esqueci os remédios. Não que fizessem muito efeito após quantas-tantas doses.
Esqueci as chaves. Boa hora para ter um caderno na fina luz do corredor. Na verdade, não preciso de muito mais que isso (pelo menos por enquanto).
Desculpe, querido, não lembro nem teu nome, nem qualquer telefone. De que importa? Não há ninguém em casa. Há casa?
Choro de criança no vizinho da frente.
Não lembro muito dos tempos de criança, tenho vaga lembrança da chuva no quintal, no entanto.
Não era um dia de chuva quando nos conhecemos? O que foi mesmo que tu me disseste naquela noite? Qual a data perdida daquele encontro?
Escuto passos no andar de cima.
Por certo não serão os teus...teus passos trilharam caminho para muito longe daqui...
Silêncio. Sozinha. Sóbria, silenciada. Sempre..
Não há loucura, há algo mais perdido aqui...
Aquele sorriso, a voz doce..chama-me de novo, por favor - para que te lembres de mim (só mais essa vez...).
Aquele abraço, o mesmo colo quente...
Me lembro de ti...
Loucura! Como houvera de não lembrar, se tu és mais que inesquecível?
Tu és aquilo que acontece numa vida, num segundo, numa permanência constante; aquilo que carrego estampado nos olhos, nos lábios, nos sonhos.
Tu és ainda mais que eu mesma; eu sou um pouco em ti.-E vice-versa(?)
Mas há essa distância..
Embora estejas longe, estás em mim.
Então eu me lembro... - de ti, de mim, de nós.

.[Cla Cavalin].

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