27 de nov. de 2007

16:23

"16:23

E,mais uma vez, o tempo voou.
Ainda mais quando me peguei pensando num grande amor...

Às vezes olho as fotos, as lembranças, os fantasmas na minha cabeça e penso que, se eu pudesse, faria tanta coisa difente...
Mas não posso.
E, mais uma vez, o presente voou e virou passado.

O que ele deve estar fazendo agora?
Às vezes queria ser uma mosquinha só para poder espiar...levar um carinho, um abraço ou simplesmente repousar sobre seu peito.

Às vezes, quando olho a vida hoje, queria ficar no passado.
Ah, eu queria tanta coisa...e já não posso mais querer.
Hoje, tenho motivos.

No restante das vezes, faço de tudo.
Nessas vezes, aceito que a dor seja também companheira.
É quando não sofro.
Não porque a dor se acabe; mas porque é acabada.
Afinal, hoje tenho motivos.

16:48"

[Cla Cavalin]

*** Post em referência ao novo vídeo ("Breathe").
***Não é um poema; mais uma vez, problemas com a paragrafação do blog.

20 de nov. de 2007

Lar sem Lar

"Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.
"
[Adélia Prado]
"Minha mãe, como quem sabe que vai
escrever um poema,
decidiu inspirada: chuchu novinho,
angu, molho de ovos.
Fui buscar os chuchus e estou
voltando agora,
trinta anos depois.
Não encontrei minha mãe. "
[Adélia Prado]

17 de nov. de 2007

Íntimo


"Minha mãe cozinhava exatamente:
arroz, feijão-roxinho, molho de batatinhas.
Mas cantava.
"
[Adélia Prado]

Quando eu era pequena, minha mãe não cozinhava feijão roxinho e batatinhas. Minha mãe só cozinhava para os outros. Os outros entravam em casa e eu saía pela porta dos fundos. Minha mãe, só a via à noite dois olhos brancos brancos no escuro e o colo quente. Minha mãe não cozinhava feijão roxinho e batatinhas, mas me abraçacava à noite e cantava assim...

Tenho quinze anos e vivo sozinha
nessa torre a cantar

Tenho trinta anos e vivo sozinha
com meu pranto, a rezar

Tenho cinqüenta anos e vivo sozinha
com minhas mágoas a calar

Tenho sessenta anos e vivo sozinha
nesse canto, e já não posso mais cantar

Tenho setenta anos e morro sozinha
acho até que está de bom tamanho
para quem viveu assim tão sozinha,
faz até graça saber rimar.

[Cla Cavalin]

9 de nov. de 2007

Conversa de Um

Conversa a Um
Ó Amar, verbo intransitivo. Você nunca parou para pensar nisso(?)(!) E você já(?)(!)(!)
Janela do msn aberta Esposito->-Conversa ... vácuo.
Uma janela em branco, uma conversa em branco.. mas quais palavras caberiam nesse momento?
Em tese, não há nada a fazer..o dia já acabou, a porta já se fechou, um novo dia começa domingo(já?).Queria ter aproveitado mais, vivido até a última gota.
No entanto, muitas vezes a própria fonte não oferece tais oportunidades. É nesse ponto em que me encontro.
Pronto, está feito. Está falado; não se pode voltar atrás. (Não?) Mesmo que pudesse,seria ainda outra frustração: tantas coisas a dizer, poucos a realmente ouvi-las, falta de tato ao dize-las e ao ouvi-las.
Desculpe, eu não sei viver sem amar, assim intransitivamente; porque, acima de tudo, amo a vida e o amor.
(Cla Cavalin)