"Minha mãe cozinhava exatamente:
arroz, feijão-roxinho, molho de batatinhas.
Mas cantava."
[Adélia Prado]
Quando eu era pequena, minha mãe não cozinhava feijão roxinho e batatinhas. Minha mãe só cozinhava para os outros. Os outros entravam em casa e eu saía pela porta dos fundos. Minha mãe, só a via à noite dois olhos brancos brancos no escuro e o colo quente. Minha mãe não cozinhava feijão roxinho e batatinhas, mas me abraçacava à noite e cantava assim...
Tenho quinze anos e vivo sozinha
nessa torre a cantar
Tenho trinta anos e vivo sozinha
com meu pranto, a rezar
Tenho cinqüenta anos e vivo sozinha
com minhas mágoas a calar
Tenho sessenta anos e vivo sozinha
nesse canto, e já não posso mais cantar
Tenho setenta anos e morro sozinha
acho até que está de bom tamanho
para quem viveu assim tão sozinha,
faz até graça saber rimar.
[Cla Cavalin]
arroz, feijão-roxinho, molho de batatinhas.
Mas cantava."
[Adélia Prado]
Quando eu era pequena, minha mãe não cozinhava feijão roxinho e batatinhas. Minha mãe só cozinhava para os outros. Os outros entravam em casa e eu saía pela porta dos fundos. Minha mãe, só a via à noite dois olhos brancos brancos no escuro e o colo quente. Minha mãe não cozinhava feijão roxinho e batatinhas, mas me abraçacava à noite e cantava assim...
Tenho quinze anos e vivo sozinha
nessa torre a cantar
Tenho trinta anos e vivo sozinha
com meu pranto, a rezar
Tenho cinqüenta anos e vivo sozinha
com minhas mágoas a calar
Tenho sessenta anos e vivo sozinha
nesse canto, e já não posso mais cantar
Tenho setenta anos e morro sozinha
acho até que está de bom tamanho
para quem viveu assim tão sozinha,
faz até graça saber rimar.
[Cla Cavalin]
Nenhum comentário:
Postar um comentário