28 de jan. de 2008

Mãos ao alto

"Que isso hem, vai ser gostosa assim lá na minha cama!" Um beijo e uma lambida foi seu modo de dizer "Foi mal aí, colega, tô vazando".
Lágrima única. Ela não saberia explicar...medo, angústia, desprezo.
Passageiros entravam e saíam do ônibus. Ela, estática. Muitas pessoas e prédios passavam na janela do ônibus. Ela, estática. Muitos sentimentos diferentes passavam dentro de si (talvez muitos demais). Ela, ainda assim, estática.
"Moça, ponto final". Palavras certas. Tomou a decisão e saiu de vez dali. Já não se importava com as horas, com a saia curta, com os becos escuros no caminho de casa. Casa...
Será que está bêbada, será que está bem? Para ela, e para todos, a vida continua. Sem lágrima. Sem bala. Sem piedade. (Nós escravos da vida, a vida escrava do tempo).
E se ele chegasse a matá-la? Nunca saberia o quão doce, o quão nobre era aquela menina e, mesmo assim, tão modesta...
Modéstia; talvez fosse isso que a tornasse tão desinteressante. "Por que nunca sei a hora certa de dizer 'eu te amo', ou mesmo 'eu me amo'? "
Já era o quinto episódio de violência. Não entendia como poderia ser "alvo" constante, uma presa tão fácil...
Como se você não soubesse, puxou-lhe, a mãe pela cintura. Olhe-se no espelho. Era seu próprio reflexo; ela se reconhecia.Você acha que todas as garotas que andam na rua são lolitas de olhos azuis?
Isso lhe pareceu óbvio. Logo, era um motivo.
Sim, mãe, acho que entendo. E agora, que fazer?
A mãe saiu do quarto. Deixou a porta aberta.
Deixou ambas porta e pergunta abertas.
.[Cla Cavalin].

*** A vida não é bela; é uma puta. Mas, apesar de tudo, não é que ela é bonitinha? Sorria, você estã sendo assaltada.
d- -b Gentle Giant d- -b

Ponto Final.

...Gota a gota, a gota final
Já faz mais de um ano
O nosso último carnaval
...

Um par de pálpebras

Em viver-me as próprias angústias,
Acabo caindo sempre nos teus laços.
Se aquele amor ainda vive e fraqueja,
para que ostentar tamanha indiferença?

Acreditando em tuas palavras breves,
Segura de que há ainda meios para amar.
Se aquele beijo permanece em suspenso,
Tanto faz, já não te posso ter aos braços.

Mas a distância entre minha palavra e teu silêncio
Cabe no intervalo destas lágrimas secas.
Se posso fechar os olhos para ver-te,
É que, apesar de tudo, ainda não te me separastes.

.[Cla Cavalin].

d- -b Los Hermanos "todo carnaval tem seu fim"

27 de jan. de 2008

Soneto do Desenredo

Dois amantes errantes
No mar desesperado
Certos de estarem fazendo
tudo errado.

Dois amantes
errantes
Sem precedentes
Afloram da boca pra fora
Glórias feridas e contentes.

Dois amantes errantes
À mérito de sua dor,
Resvalam aos sonhos de antes.

Apenas dois amantes errantes
Que o destino fez por bem separar
Que o tempo há de conciliar.

Em que distancia cabe a nossa saudade?

.[Cla Cavalin].

25 de jan. de 2008

Hoje é meu aniversário!




Hoje é meu aniversário... Que delícia!
"Outra noite Teodora
teve um sonho inteligente
em que alguém lhe dizia:
Minha amiga tenha em mente
que o espírito em liberdade
pensa muito diferente.

(...)O corpo tira do espírito
o poder de locomoção
ofusca-lhe o pensamento,
reduz a sua visão,
limita o seu horizonte
e a liberdade de ação.
Sua encarnação presente
veio lhe oferecer
a rara oportunidade
para você entender
o que já fez no passado
e o que deixou de fazer.

Os erros e os acertos
cometidos no passado
serão sempre muito úteis
para o seu aprendizado
seu caminho doravante
será sempre iluminado.

(...)Envolvia Teodora
silenciosa alegria,
sensação que idioma
algum do mundo teria
palavra que traduzisse
a emoção que sentia.

(...)A nossa vida é composta
de epopéias seguidas
cada uma é um capítulo
duma sucessão de vidas
nas nossas idas e vindas,
nas nossas vindas e idas."
.[Gonçalo Ferreira da Silva, in Teodora e o Império Bizantino].
visite a Academia Brasileira de Cordel>>>www.ablc.com.br
***Hoje, mais do que nunca, estou me sentindo tão cheia de paz; muito obrigada a todos vocês, são tudo que eu preciso na vida pra ser feliz *** These are the days of our lives...
d^^b Queen d^^b

Nada (im)pessoal

É sempre bom lembrar que um co(r)po vazio está cheio de ar...
- Minha filha, por que você faz assado e não assim?
- Cla, por que tudo seu é diferente?
- Cavalin, tá parecendo uma cult!
Acho engraçado esse tipo de conversa no meu dia-a-dia; fico pensando como posso ser tão diferente assim..
Todo ser humano é triblástico, celomado,deuterostomado, 2 ouvidos e uma boca, eu, você e o resto da torcida do Fla. Pode haver coisa mais padronizada que isso?
Se o argumento de defesa é que não sigo a tal "padronização cultural", há que se levar em conta que, na verdade, o indivíduo é uma instituição falida. Mesmo que façamos parte de um conjunto social, somos mísero grão de areia. O que eu posso significar para o mundo? Eu não sou nada. Ninguém não é e nunca foi nada.
Não existem indivíduos. Existem individualidades - cor de cabelo, digitais, (ir)racionalidade; e existem individualismos. Mais que isso, coexistem. Mas isso não define uma sociedade. Acredito que esta seja limitada por uma série de convenções, algumas permanentes, outras compõem as diferentes "gerações".
Chega, para terminar essa conversa, só mesmo num buteco. Alguém interessado?
.[Cla Cavalin].

"I am what I am. So what?" .[Freddie Mercury].

Andança

5 km a pé rendem muitas idéias.
Assim como tem dias em que preciiiiiso escrever, tem dias nos quais preciiiiiso andar; me livrar de algumas preocupações, angústias,comprar uma bobagenzinha no camelô, tomar água de côco.
Curioso é que o andar me estimula o pensar e, dessas idas e vindas, sempre acabo escrevendo em alguma livraria.
Fluxo de sangue, fluxo de pensamento;
Automatismo mecânico, automatismo psíquico
Levem-me para aonde for.
Hoje não tenho hora, hoje sou só pro meu amor.
Por onde for, quero ser seu par...
Ainda estou na idade de deixar acontecer...
E o que é o envelhecer senão um longo anoitecer?
E o que é o renascer senão mais um amanhecer?
Então, deixa o mundo rolar solto,
tenho meu próprio tempo, deixa o tempo a seu tempo.
Exercitar o corpo está intimamente ligado a exercitar a mente. Afinal, ambos convivem numa mesma estrutura.
Do mesmo modo, exercitar a medicina está intimamente ligado a exercitar as letras. Afinal, ambos convivem na mesma minha estrutura.
Basta naturalidade. Basta não temer ao descobrir-se, dia após dia, cada dia um pouco mais. Aliás, não há por que temer quando há a coragem para reinventar-se.
No entanto, se não há nem isso, não há nada. Nonada é um grande sertão. (densamente habitado).

.[Cla Cavalin].

d- -b Elis

Indignação

IN
DI
GN

ÃO

Aquela rua, olha! Mais uma!
Os prédios estão invadindo a minha cidade!
Em cada esquina, em cada praça
Erguem seus esqueletos inorgânicos
de aço e ferrugem.
A mangueira, arrancaram a mangueira
a mangueira do nosso amor...

Saudade triste derramada
sobre esse concreto indiscreto.
(e espaçoso!)

.[Cla Cavalin].

Prazer, Cla Miranda

Fui à Santa Teresa. Disseram que voltei europeizada. Croché, sandalia de pano, colar de miçanga. Será que é gringa? Comprei o jornal e sentei na escada da Carioca. Ih-a-lá, a gringa tá lendo o Globo! O muleque, coitado, tentou me assaltar... só carrego papai e um chiclete velho no bolso e mamãe no coração. (Quem será o próximo a me roubar o coração?) Se ser gringo significa dar valor à cultura brasileira, mais do que à estadunidense, diga-se de passagem, sou gringa convicta.
Por outro lado, embora seja compreensível, é no mínimo inaceitável que a maioria dos brasileiros sequer conheça os cantinhos de suas origens; porque o que somos hoje é também o país que deixamos pra trás, deixamos de lado, deixamos de fora (exceto na época do carnaval, da copa, mas essa já é outra conversa...)
Não somos obrigados a gostar do país, mas temos sim a obrigação de conhecê-lo. Não com o culto ufanista-neo-nazista; mas o ceticismo crítico dessa bruzundanga. Brasileira-gringa de crochê e jornal debaixo do braço. Ordem e Progresso, Anauê! Fora, Lula!
.[Cla Cavalin].

18 de jan. de 2008

Consolo na praia

"Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...Dorme, meu filho."

.[Drummond].
http://www.memoriaviva.com.br/drummond/index2.htm

A novidade

Com licença poética, sim, o texto de hoje é um diariozinho, umazinha reflexãozinha só(zinha)...
O portão de embarque fechou. Mãe, e agora? Vamos pra casa, ué. Toda a naturalidade, o velho estacionamento do Galeão, a mesma Linha Amarela de sempre, o céu de sempre, só um pouco desbotado.
Em casa, passei a chave, fechei a porta, abri o blog... agora volta tudo ao normal...queria que o normal fosse diferente..ops, resolução de fim-de-ano: não usar futuro do pretérito...quero que o normal seja diferente, então o faço.
Pego o copo sólido, exato, ambas as mãos...sinto que o tenho em domínio completo, e que seu futuro é mera consequência de minhas vontades. Estilhaçá-lo, Preencher seu conteúdo oco com alguma substância até que comple, complet, complete a asfixia, transbordarrr.
Sinto minha vida exata dentro do copo exato; e o copo exato, guiado pelas mãos de alguém inexato e, por isso, o resultado final é minha vida inexata.
Aonde esse alguém quer chegar? Leva-me onde quero chegar, por favor? (Aonde quero chegar?)
Quem será?
Alguns o chamam destino, outros o chamam Deus; mas, por enquanto, pelo menos por enquanto, prefiro acreditar que sou eu quem detém as mãos fechadas, e levo o copo ao peito, à boca, mato a sede. Tenho uma vida em branco, e um copo em cima da mesa; e essas pernas, que o chamam acaso, que fazem a vida inexata ser perceptível e praticável.
Enfim, sinto saudades, alegria e o chão sob meus pés.
[Cla Cavalin]

d- -b Amos Lee "Colors"

6 de jan. de 2008

E agora, Lula josé?

Estou puta. Muito puta. Estou política.
Para uns, estou chata. Para outros, estou revirando túmulos, redespertando passados alheios, desconfigurando um sistema...
Estou, acima de tudo, sentada em uma cadeira frente ao computador, sentada frente ao mundo; embora sentada, fervilho por dentro...
Até quando?
Temos muitos direitos a exigir; Não temos o direito de permanecermos sentados. Não temos o direito de achar natural um governo se utilizar do povo em benefício próprio. Não temos direito a nada se não há respeito.
Vossa excelência, só mais um silva que a estrela não brilha.
Até quando?
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www.olhofixo.blogspot.com